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Por falar em correr: tempos de quarentena

Atualizado: 9 de jun. de 2020

Um texto sobre superações de um corredor, batalhas do dia-a-dia e ver o positivo de cada situação.


Após a maratona no fim de setembro de 2019, meu joelho começou a se manifestar, umas dores mais fortes e dificuldade de andar. Fui ao fisioterapeuta e na avaliação parecia que o problema do menisco rompido que eu tenho havia piorado. Porém, essa visita foi logo nos dias seguintes à prova. Havia ainda as micro lesões e inchaços decorrentes da maratona e dos treinos feitos nos dias seguintes.


O diagnóstico não foi muito animador, mas como já passei por essa situação de dor no joelho algumas vezes, optei por fazer o que tem funcionado até então. Parei de correr, dando uma trégua, um alívio no impacto que o joelho sofre.


Passei por outubro e novembro quase sem correr, com treinos eventuais, fazendo testes, com insucesso. E também participando de provas curtas, mas sempre com dor. Eram corridas nas quais eu já estava inscrito. Mesmo sem treino, conseguiria completar. E foi até bom ir. Dado o momento atual, se não tivesse participado de provas em outubro e novembro, minha última prova teria sido a maratona em setembro.

Após essas provas, optei pelo tratamento conservador. Passei o fim de novembro, todo o mês dezembro e uma parte do início de janeiro sem correr. E a cada dia o joelho dava sinal de melhora. As dores foram diminuindo, praticamente indo embora. Aquilo me animou. Assim, retornei aos treinos em janeiro, intercalando caminhada, muita caminhada, com corrida.


Sentia a falta de fôlego, algum despreparo por praticamente 3 meses sem fazer muitos estímulos, mas o resultado era bom. Fui aumentando distâncias, mais tempo correndo e vez ou outra vinha algum incômodo, mas nada que eu já não estivesse acostumado. Estou convivendo bem com o menisco rompido desde 2015 e sei que algumas dores pontuais vão aparecer, mas não são preocupantes, Já, quando fico sem conseguir andar direito, aí sim devo me preocupar.


Fui evoluindo aos poucos, até que consegui chegar em 5 km sem parar. Sem dores, sem complicações. Comecei a fazer treinos mais constantes e o ritmo estava ficando cada vez melhor. A empolgação começou a tomar conta e decidi que era o momento de participar de uma prova, ver como estava o corpo na corrida mesmo. Afinal, a prova alvo estava logo ali, uma meia maratona em junho.

Eis que me inscrevo na prova na segunda-feira, depois de pensar muito. O que acontece então? Na sexta-feira o coronavírus começou a dar as caras por aqui. O vírus apareceu em todos os cantos, cidades e estados, as medidas de isolamento foram decretadas e as corridas canceladas ou adiadas. A prova que eu participaria acabou sendo confirmada, mas achei imprudente ir no meio de tanta gente. Para mim não fazia sentido. Decidi correr sozinho, perto de casa, os 5 km que faria da prova.

Fiz meu melhor tempo do ano e fiquei animado para aumentar ainda mais as distâncias. Porém, as medidas de isolamento começaram a se tornar mais restritivas e fiz apenas mais dois treinos de 6 km depois disso. Desde então, não corro. Isso foi lá em 19 de março. Provavelmente, chegarei em mais de um mês sem correr, desta vez não por vontade própria, lesão, essas coisas, mas por forças maiores.

Não tenho disciplina para correr em casa. Não gosto de esteira, então correr dentro de casa acaba sendo praticamente uma esteira. Exercícios de fortalecimento tenho feito alguns, mas falta disciplina e vontade. É complicado ter que ficar em casa por motivos alheios. Porém, é para um bem maior e assim seguimos.

Essa quarentena, no entanto, pode ter um labo bom. É ruim ficar nesse isolamento, mas mesmo sendo difícil podemos tirar coisas boas. Estou sem dor no joelho, sem nenhum inchaço, nenhum incômodo que poderia aparecer. Tanto tempo parado pode ser bom para o menisco. Estou gastando menos com algumas despesas que não precisei ter no momento. Posso fazer home office e ficar o dia todo com os cachorros. Sempre há algo de positivo mesmo nas piores situações, depende muito de como você olha para isso.


E uma coisa que eu aprendi nas corridas se aplica nesse caso. Na corrida, sempre vai ter alguém mais rápido (a menos que você seja o Kipchoge) e alguém mais lento. Na vida, também. Tem quem esteja melhor e tem quem esteja em situação pior. Cabe a nós tentar fazer esse momento ficar mais proveitoso. É difícil, a motivação falta, mas vamos levando. Uns dias são mais difíceis do que outros, mas gosto de lembrar que isso tudo vai passar. Não sabemos quando, mas vai. E quando passar, temos que estar preparados para voltar.



Conteúdo:

Enio Augusto

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