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Alfredo Rodrigo | CORRE PERFIL

Atualizado: 28 de nov. de 2019

Conheça a história do paratleta que marcou presença na Meia Maratona Internacional de Florianópolis 2019

Foto: Arquivo Pessoal

No dia 24 de novembro de 2019, 6 mil atletas se desafiaram e testaram seu limites na Meia Maratona Internacional de Florianópolis, promovida pela Corre Brasil na beira-mar norte da capital catarinense. Entre eles, diversas histórias de luta e superação foram escritas ao longos das distâncias de 21km, 10km e 5km do evento esportivo. Uma delas foi a de Alfredo Rodrigo da Silva Camargo, 36 anos, natural de São José (SC), que antes de ser um paratleta com o pé amputado por conta de um acidente de trânsito, é um novo apaixonado por corridas de rua.


Cruzando a linha de chegada da sua oitava prova de corrida de 5km aos 26 minutos e 41 segundos, Alfredo foi um dos entrevistados da Corre TV Ao Vivo, transmissão do evento para o Facebook e o Instagram que contou com a participação de alguns atletas da competição. Animado por participar da prova, ele contou à equipe da Corre Brasil nos bastidores da live sua história de vida que é, no mínimo, inspiradora.


A REALIDADE MUDA

Ao longo de sua carreira profissional, Alfredo, pai de dois filhos, tinha como profissão ser coordenador de montagens e serralheria. Em uma segunda-feira rotineira, dia 7 de maio de 2018, o trabalhador estava retornando de moto com um caroneiro para sua casa depois de mais um dia de expediente.


“Um caminhão ‘baú’ estava na pista do lado direito e passou para nossa pista, tentei desviar, e reduzir tentando evitar a colisão, mas não foi possível! Bati na mureta e no caminhão até que de uma forma mágica, o veículo passou de vez, e eu consegui recuperar o controle da moto. Quando parei, eu percebi a fratura exposta no pé esquerdo, o caroneiro que não havia se ferido gravemente me ajudou a sair da moto.”, relata.

Após perceber a gravidade do acidente, o atleta ligou para o socorro, sendo atendido pela Auto Pista Litoral e encaminhado ao Hospital Regional em São José.


Cerca de duas horas após o acidente, Alfredo Rodrigo já estava passando por uma cirurgia devido à gravidade da fratura. A operação foi para remontar o pé esquerdo e muitos procedimentos foram necessários parra salvar a vida do coordenador de montagens: uma bactéria havia sido detectada, e por esse motivo o caso de Alfredo, que já era complicado, piorou de vez.


Seu pé foi necrosando rapidamente e a preocupação dos médicos era que a bactéria afetasse a corrente sanguínea. No dia 11 de maio foi realizada outra cirurgia, para ser amputado dois dedos do pé e toda a carne já necrosada, mesmo assim, a mesma bactéria permanecia instalada. Sendo assim, uma nova amputação foi marcada, e dia 16 de maio de 2018 foi realizado a amputação na metade da canela esquerda.


“48 horas mais tarde, recebi alta do hospital, retornando em 30 dias para a retirada dos pontos e avaliação médica. Estava de alta, vida norma! Mas ainda tinha que ir atrás da prótese. Eu tinha que retomar minha vida! Fui atrás de brindes, local e divulgação para promover um bingo beneficente e poder comprar prótese. Arrecadei R$ 26.800,00!”, conta.

A renda foi totalmente destinada para compra de tal prótese, junto com o seguro DPVAT.


O bingo ocorreu em outubro daquele mesmo ano, e em novembro, Alfredo Rodrigo já havia feito a compra e recuperado sua mobilidade e liberdade de movimentos, passando pelo seu processo de adaptação. No decorrer desse período, o sobrevivente do acidente de trânsito já estava querendo fazer algo diferente, pois sentia que estava tendo uma ótima recuperação.


A DESCOBERTA DO ESPORTE


“Em julho de 2019 foi o momento que eu me encontrei com o esporte na Beira Mar de São José. Conheci uma equipe do Paradesporto treinando. Conversando com eles, ingressei aos treinos, ainda com a prótese provisória. Iniciei treinando atletismo, fazendo lançamento de peso, dardo e arremesso de peso. Gostei muito da experiência!”, conta.


Mas foi só no mês de agosto de 2019, que Alfredo, agora identificando-se como “paratleta”, ingressou no universo das corridas. “Finalizei meu tratamento voltando com a prótese pronta, me sentindo mais seguro, e confortável. Participei de uma corrida de rua de 5km, a 1° da minha vida, no dia 29 de outubro deste ano. Ganhei minha primeira medalha, mas o verdadeiro prêmio foi a superação”.


Através das redes sociais, o paratleta ficou sabendo do 2° desafio SICOOB. “Entrei em contato com o organizador do evento, Eduardo Marcondes de Mattos, e fui presenteado com cortesias para a corrida de 5km com sua largada no Beira mar shopping até o Morro da Cruz”.


A prova foi uma vitória pra Alfredo Rodrigo, pois ele nunca havia corrido na vida, nem mesmo antes de ter parte da perna amputada. Em pouco tempo de uso da prótese, conseguiu completar sua primeira corrida de rua em 41:19 minutos. “As pessoas sempre vinham com palavras e demonstrações de incentivo para eu continuar correndo, ou um agradecimento, por estar ali, como exemplo de superação para outros atletas.”


Depois da primeira prova, Alfredo participou do Jogos Abertos Paradesportivos de Santa Catarina (PARAJASC) que ocorreram entre os dias 14 a 20 de outubro de 2019 em Caçador (SC), trazendo duas medalhas de bronze de 3 provas que eu competiu, e mais tarde, a Corrida da Paz em São José, e a Corrida Pela Paz 2019 (AACESC).


PRÓXIMOS DESAFIOS


Sobre seu recorde pessoal, o paratleta declara que, por enquanto, está focado em manter seus 5km em tempos melhores. “Ano que vem vou treinar pra até o final do ano para já estar correndo 10km e talvez 21km”, afirma.


Sobre a Meia Maratona Internacional de Florianópolis 2019, Alfredo comemora seu desempenho: “Eu consegui completar minha primeira prova correndo sem caminhar, nunca tinha visto um evento tão grande pessoalmente! Estou ansioso agora próximas corridas da Corre Brasil!”.



por LUCAS MACHADO COELHO

jornalista

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